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Ecossistema de inovação e cooperativismo combinam?
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Ecossistema de inovação e cooperativismo combinam?

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por Rede 08
10 Dec 2019

A palavra inovação aparece cada vez mais frequentemente no ambiente empresarial e passa a ser o alvo de atenção das empresas líderes de mercado, com ambição de se manter em setores competitivos

A inovação no sentido mais amplo da palavra não se limita ao desenvolvimento de novos produtos, mas percorre toda a hierarquia de uma organização deixando claro os pontos importantes, que muitas vezes não são considerados e são vitais para manter a competitividade e a sobrevivência no longo prazo.

Porém, desde de 2011 o termo ecossistema de inovação tem se destacado no mercado, ganhando espaço dentro da sede das empresas, consultorias de gestão e artigos governamentais de desenvolvimento econômico.

Fachada do Habitat, hub de inovação do Bradesco

Fonte: Revista Época Negócios - Habitat que o Hub de inovação do Bradesco em São Paulo.


O que as empresas têm buscado na participação desses ambientes?

Segundo Nick Skillicorn, fundador da Improvides Innovation Consulting, temos pelos menos 15 motivos, e os de maiores destaque são: ter ideias novas, executar novas ideias, adicionar valor à empresa e adicionar valor ao consumidor.

Na news de hoje vamos entender mais a fundo de que se tratam esses tais ecossistemas de inovação e como o cooperativismo pode se conectar com esse tema.

O QUE É um ecossistema de inovação?

Segundo a Fundação Certi, um ecossistema de inovação é um ambiente que proporciona a interação de diferentes atores que inovam.

De forma mais teórica, ecossistema de inovação refere-se aos sistemas inter organizacionais, políticos, econômicos, ambientais e tecnológicos da inovação, em que ocorre a catalisação, sustentação e apoio ao crescimento de negócios.

Em outras palavras, é um ambiente que favorece o desenvolvimento de negócios com o foco em tecnologia e inovação, onde os agentes retroalimentam o ecossistema com ações de colaboração mútua.

O QUE FAZ um ecossistema de inovação?

Um ecossistema de inovação é formado basicamente de um conjunto de atores e mecanismos de estímulo à cooperação, como incubadoras, parques tecnológicos, associações e ambientes de inovação de todos os tipos. Esses locais são o ponto focal, por exemplo, para a criação de programas para a promoção de novos talentos, ambientes para palestras sobre inovação, rodadas de negócio, novas ideias e projetos, entre outras.

Trabalhando juntas, as empresas são beneficiadas por fatores como: troca de experiências, reconhecimento da comunidade, redes de conexão e proximidade com novos talentos.

ONDE ESTÃO os ecossistemas de inovação?

Para nos aprofundarmos no assunto com base em números, existem mais de 40 ecossistemas espalhados por todo o globo terrestre, cujo desempenho pode ser acompanhado pela plataforma do Startup Genome. Vamos dar destaque para alguns desses ecossistemas:

São Francisco - Estados Unidos

Fonte: Spotlight - Foto da fachada do Google no Sillicon Valley.

Fonte: Spotlight - Foto da fachada do Google no Sillicon Valley.

Batizada como Vale do Silício, ou Silicon Valley, a cidade de São Francisco na Califórnia (EUA), possui um dos ecossistemas mais requisitados pelo turismo tecnológico e empresarial atual. Ela recebeu esse nome devido ao grande uso de silício pelas empresas de tecnologia nos anos 70, tais como a AMD e INTEL.

Esse ecossistema possui reconhecimento internacional como polo de Inteligência Artificial e Ciências da Vida, além de destaque em projetos de Fintech. Sete dos dez maiores investidores do mundo - empresas como Google, Facebook e Apple - estão sediados no Vale do Silício.

Observando tendências futuras, apenas em 2019 - ou seja, esse ano - o mercado de Fintechs nos EUA já cresceu 38% e movimentou mais que os bancos tradicionais em operações de crédito sem garantia, segundo estudos realizados pela empresa TransUnion e publicados pela Fintechlabs.

Tel Aviv - Israel

Segundo Uzi Scheffer - CEO da SOSA - Tel Aviv “é o ecossistema de startups mais desenvolvido do mundo”. Israel tem mais startups per capita do que qualquer outro país e suas startups levantaram coletivamente US$ 6,47 bilhões em 2018.

Reconhecido internacionalmente como polo de Ciber Segurança e Inteligência Artificial, tem se desenvolvido bastante pelas suas oportunidades e por conseguir ser mais competitivo com relação a mão de obra do que outras localidades, além de conseguirem desenvolver bem o trabalho de ecossistema, relacionando universidades, aceleradoras, incubadoras, startups, governo, indústrias, fundos de investimento.

Berlim - Alemanha

Outro ecossistema de destaque é o de Berlim. Com um apoio bem forte de líderes e organizações governamentais, esse polo consegue conectar diversos Hubs de Inovação da Europa tornando o seu ecossistema ainda mais forte.

Josephina Nungesser, do GTAI (Empresa de Inovação e Investimentos da Alemanha), uma agência de promoção econômica do governo alemão, fez o seguinte comentário no ano passado: “A nossa ideia é juntar todos esses players e conectar os hubs com os de outras regiões, para que uns ajudem os outros e desenvolvam novas soluções tecnológicas, por exemplo, para cidades inteligentes e segurança cibernética (cyber security)”.

Infográfico de Fintechs por segmento em Berlim.

Infográfico de Fintechs por segmento em Berlim.

A referência desse ecossistema é o setor de Fintech. O ecossistema Fintech de Berlim é o lar de inúmeras organizações de suporte a startups, como a FinLeap, uma empresa de Venture Capital (VC) - um tipo de fundo de investimento focado em capital de crescimento para empresas de médio porte que ainda precisam dar um salto de crescimento. A FinLeap foca seus investimentos em Fintechs e opera um dos maiores hubs para startups na Europa, o H:32.

Executivos, como o Deutsche Bank e Axel Springer, administram laboratórios de inovação e programas de aceleração, mas a parte mais empolgante são as próprias startups. Esse mercado movimentou bilhões de dólares em investimentos em mais de 50 das principais startups do mercado financeiro.

Inovação no mercado financeiro

Fachada do NuBank

Fonte: Fundação Estudar - Fachado do prédio do NuBank em São Paulo, empresa brasileira que está avaliada em mais de US$ 4 bilhões.

Quando pensamos em mercado financeiro, percebemos que o setor de Fintech vem revolucionando o mercado financeiro e tem atuado de maneira disruptiva no cenário global. As empresas que se destacam nesse setor têm atuado com cada vez mais operações bancárias com taxa 0%, foco no cliente e agilidade no atendimento.

O Nubank é um dos cases de sucesso no Brasil. Fundada em 2014, a startup iniciou a oferta de serviços para seus clientes com o cartão de crédito sem anuidade e taxas mais reduzidas que a média do mercado. Com um serviço 100% digital, sem agências e gerentes de conta, a empresa agora disponibiliza outras modalidades de serviços, como a conta corrente, programas de pontos do cartão de crédito e aplicações financeiras.

Olhando para o ecossistema de São Francisco, podemos dar destaque para a Stripe, que é uma fintech de meios de pagamento pela internet e seu sucesso pode ser constatado ao avaliar sua base de clientes. Entre eles, estão gigantes como a Google, Amazon e Uber. Entre as vantagens de seu software, estão a agilidade no processamento da venda e sua integração facilitada com diferentes estruturas de sites.

Segundo o relatório Fintech na América Latina 2018: crescimento e consolidação, publicado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), novos empreendimentos Fintech cresceram 66% em relação a 2017.

A instituição Finnovation fez o levantamento em conjunto com o Finnovista e o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), e mapeou no Brasil, os segmentos com maior quantidade de fintechs, visiveis nas imagens abaixo.

Distribuição de Fintechs por Segmento

Um número que chama a atenção é o de fintechs oferecendo serviços de Banco Digital. Neste segmento, que mostra acelerado crescimento nos últimos meses, estão abrangidos os bancos, como Inter, Neon e Agibank, assim como as empresas de meio de pagamentos - que oferecem contas pré-pagas com experiência digital, como o Nubank. Isto demonstra o potencial de oferta muito grande de uma experiências digitais para serviços bancários visando se relacionar com as gerações mais conectadas.

E no cooperativismo?

Quem conhece o Joãozinho da Saromcredi, em São Roque de Minas, com certeza já ouviu muitas histórias inspiradoras. Uma delas que consideramos um ótimo exemplo nesse caso é sobre como o Joãozinho percebeu que as fazendas de queijo da Serra da Canastra tinham tudo para multiplicar exponencialmente seu valor.

A história começa em uma missão para França, em que o grupo foi visitar o funcionamento das cooperativas e bancos cooperativos franceses. Chegando lá, Joãozinho observou que dentre todos os finíssimos queijos franceses, o mais caro e refinado era o ‘queijo de leite cru’. Ora pois, como poderia um queijo análogo ao Queijo da Canastra, tão pouco valorizado no Brasil até então, ser considerado a maior riqueza lá fora?

A partir daí, se resta apenas uma coisa a se fazer. Nos anos que seguiram essa experiência e inspiração internacional, o Queijo da Canastra participou de diversas premiações na França - sendo coroado com medalhas de bronze, prata, ouro e superouro. Como impacto dessa inovação, o preço médio da peça de queijo foi de R$10 a R$12, para valores entre R$50 a R$70/ a peça.

Não é a toa que a qualidade de vida em São Roque de Minas disparou demais da conta - e hoje é uma cidade com o crescimento comparável aos tigres asiáticos.

E você, como tem se inspirado para trazer inovação para a sua cooperativa?

Joãozinho contando a história de São Roque de Minas para a equipe do Grupo Anga.

Se você gostou desse assunto e se animou com a ideia de conhecer ecossistemas de inovação fora do país para potencializar a sua atuação aqui quando voltar, entre em contato conosco!

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